Governo sul-africano amarga prejuízo com a manutenção do Green Point. Em Porto Elizabeth, o cenário também não é nada animador.
Nem tudo é motivo de comemoração na África do Sul um ano depois da realização da Copa do Mundo. A começar pela utilização do estádio Green Point, que fica na Cidade do Cabo e recebeu oito jogos no Mundial, incluindo uma semifinal. Apesar de receber turistas até hoje, ninguém quer usá-lo. Com capacidade para 58 mil pessoas e vista deslumbrante, o local só foi lembrado para 12 eventos. A empresa francesa que seria responsável pela administração depois da Copa desistiu. Viu que o negócio era prejuízo certo (assista ao vídeo da matéria que foi ao ar no Globo Esporte).
No dia primeiro de janeiro de 2011, a prefeitura assumiu o comando. Uma votação na Câmera de Vereadores determinou o destino do estádio. Acredite: uma das propostas era botá-lo abaixo. Optou-se pelo bom-senso. Pelos próximos três anos, o estádio será de responsabilidade do poder público municipal.
Sendo assim, Lesley de Reuck ganhou um dos empregos mais difíceis da África do Sul hoje. Ele tem a missão de fazer desse elefante branco algo lucrativo.
- Derrubar o estádio é uma ideia louca. Isso custou caro. E é um lugar único. Haverá solução. Estamos contratando profissionais pra isso - explicou o administrador.
Mesmo sem uso, o governo sul-africano gasta com manutenção do gramado e do teto. Todo mês, dezenas de funcionários têm que limpá-lo. O curioso é que a Cidade do Cabo abriga um dos maiores times de rugby do mundo: o Stomers, que se recusa a jogar no Estádio Green Point. O clube dispõe de um campo próprio, para 50 mil pessoas, e lucra muito com a venda de camarotes a cada temporada.
Há na cidade três times de futebol, mas nenhum deles com torcida suficiente para encher o estádio. Por isso, raramente jogam no local. Por enquanto, o Green Point é um exemplo de desperdício de dinheiro público. Foi o estádio mais caro a Copa: custou R$ 1 bilhão para mal ser usado.
Os problemas não param por aí. Sem times de futebol, Nelspruit precisa importar clubes populares. A prefeitura oferece dinheiro, eles jogam nessa cidade e enchem o estádio.
Em Porto Elisabeth, a sensação é que o passado foi apagado. As traves onde a Holanda fez os dois gols que eliminaram o Brasil nas quartas de final não estão mais no estádio. Desde o fim da Copa, esse estádio vive do rugby. Em um ano, ele não abriu as portas para um jogo de futebol sequer.
Na verdade, foram só 11 jogos da Segunda Divisão de rugby. A diretora de comunicação do estádio conta nos dedos o número de eventos. É constrangedor. Chega a citar um festival de vinhos para aumentar a lista.
A boa notícia é que em agosto a seleção de rugby vai jogar em Porto Elisabeth. Enfim, um evento digno do estádio. O pior é que histórias assim se repetem em outros estádios construídos para a Copa. Dos dez palcos do Mundial, só metade tem recebido jogos. A Copa passou, mas o prejuízo para os cofres públicos ficou.
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