A
reciclagem adquiriu um status moral quase que inquestionável, em grande parte
porque crianças e adolescentes, doutrinados pela propaganda ambientalista
continuamente regurgitada pelas escolas e universidades, chegam às suas casas
munidos de informações falaciosas e as utilizam para intimidar seus pais. Não seria exagero algum dizer que mais de 70%
da juventude quer que seus pais reciclem.
Porém,
aqui vai meu humilde conselho aos pais: não se envergonhem e não se deixem
intimidar! Joguem fora todo e qualquer lixo.
Não há nenhuma virtude em reciclar algo que o mercado não está disposto
a lhe pagar. Se reciclagem fosse realmente
uma necessidade premente, tal ato teria um enorme preço de mercado, e as pessoas
seriam pagas para incorrer em tal atividade.
O que nossas crianças e adolescentes estão aprendendo nada mais é do que
ideologia esquerdista, sem nenhum respaldo em fatos ou na ciência.
Um
dos argumentos utilizados em prol da reciclagem é que o mundo está ficando sem
aterros sanitários, pois o espaço para eles estaria acabando. Os meios de comunicação se esmeram em
propagandear, principalmente em canais voltados para o público infantil,
imagens sombrias de cidades soterradas sob seu próprio lixo. É exatamente isto o que se passa por educação
ambientalista no mundo atual.
Porém,
a realidade é que não há e nem nunca houve qualquer escassez de espaço para a
construção de aterros. Se houvesse de
fato tal escassez, o preço de mercado para tal espaço seria tão astronômico,
que as pessoas estariam demolindo suas próprias casas para construir aterros em
seus lugares. Ato contínuo, elas iriam
embolsar o lucro e comprariam mansões.
No entanto, a verdade é que se todo o lixo sólido a ser produzido nos próximos mil anos fosse concentrado em
um único lugar, ele ocuparia apenas 114 quilômetros quadrados — o equivalente
a 0,001% de toda a área dos EUA.
E
o que dizer sobre a tão propalada alegação de que a reciclagem, principalmente
a de papel, irá "salvar a vida" de várias árvores? Toda criança tem este mantra na ponta da
língua. O papel, afinal, é feito da
madeira das árvores. Por que não produzir
papel novo utilizando papel antigo e, assim, evitar que mais árvores sejam
derrubadas? Simplesmente porque não é assim
que funciona a lógica econômica. A
oferta sempre será comandada pela demanda.
Se amanhã repentinamente pararmos de utilizar trigo para fazer pão,
haveria menos trigo no mundo daqui a um ano.
A oferta de trigo cairia drasticamente.
Não mais haveria incentivos de mercado para se cultivar trigos, seus
preços despencariam e o cultivo de trigo seria uma atividade totalmente
deficitária. Da mesma forma, se todo o
mundo parasse de comer frango, a população de frango diminuiria, e não
aumentaria, como supõem quase todos os ambientalistas.
A
mesma lógica se aplica à relação entre papel e árvores. Se pararmos de utilizar papel, menos árvores
seriam plantadas. Não haveria incentivos
de mercado para a conservação de florestas.
Na indústria papeleira, 87% das árvores utilizadas são plantadas para a
produção de papel. Isto significa que,
de cada 13 árvores que seriam "salvas" pela reciclagem, 87 jamais seriam
plantadas. É exatamente por causa da
demanda por papel que o número de árvores plantadas no mundo aumentou nos
últimos 60 anos. Eis, portanto, uma
lição incômoda para os ambientalistas: se o seu objetivo é maximizar o número
de árvores, não recicle papel. Outra
lição: se você quer aumentar o número de árvores, defenda o capitalismo e a
propriedade privada. Quando se é dono da
sua própria terra, há vários incentivos econômicos para se cuidar muito bem desta
sua terra. Sua preocupação é com a produtividade de longo prazo.
Assim, o proprietário de uma floresta, por exemplo, irá permitir que uma
madeireira ceife apenas um número limitado de árvores, pois ele não apenas terá
de replantar todas as que foram ceifadas, como também terá de deixar um número
suficiente para a colheita do próximo ano.
Outras
declarações feitas por defensores da reciclagem são igualmente
problemáticas. Reciclar não poupa
recursos. Pelo contrário, desperdiça
recursos valiosos. Em geral, reciclar é
mais caro do que construir aterros, com a única exceção para esta regra sendo o
alumínio. As crianças também são
doutrinadas a acreditar que reciclar irá reduzir a poluição. Mas a elas não é dito que o processo de
reciclagem é, em si, extremamente poluente.
A reciclagem de jornais, por exemplo, requer que a tinta velha utilizada
nos jornais seja retirada das páginas.
Este é um processo quimicamente intensivo que gera enormes quantidades
de lixo tóxico. Muito mais
"ambientalmente saudável" seria simplesmente jogar os jornais fora.
Adicionalmente,
um programa de coleta de recicláveis exige o uso de caminhões diferentes dos
caminhões utilizados para a coleta de lixo comum. Isto, por sua vez, significa mais caminhões
circulando diariamente (ou semanalmente) nas cidades. E isto, por sua vez, significa mais poluição
do ar. Em Nova York, por exemplo,
após instituir a reciclagem compulsória, a prefeitura teve de acrescentar duas
coletas adicionais por semana. Já em Los Angeles, a
prefeitura teve de duplicar sua frota de caminhões de lixo.
Mas
o fato é que os recicladores têm uma agenda muito mais ambiciosa do que aquela
com que doutrinam as crianças e os adolescentes. No livro Waste
Management: Towards a Sustainable Society, seus autores, O.P. Kharband and E.A.
Stallworthy, chegam a reclamar que as construtoras descartam
pregos envergados e que os hospitais utilizam seringas descartáveis. "O chamado 'padrão de vida'", concluem os
autores, "terá de ser reduzido".
Eis
aí o real objetivo da elite defensora de programas compulsórios de reciclagem. E, tragicamente, esta redução no padrão de
vida já foi alcançada em várias cidades que construíram monstruosas e caras
fábricas de reciclagem, o que levou a desperdícios inacreditáveis, impostos
mais altos, e prefeituras financeiramente estropiadas.
A realidade econômica do debate
ambientalista
Debates
sobre questões ambientais nada mais são do que debates sobre como estamos
precificando o futuro. Em economês,
diz-se que estamos atribuindo ao futuro um valor presente muito descontado. Questões sobre "o mundo que estamos deixando
para nossos filhos" e reclamações sobre a suposto miopia das gerações atuais
são, em última instância, alegações de que estamos precificando o futuro de
maneira incorreta e inapropriada — ou, mais especificamente, que estamos descontando
acentuadamente o valor presente do futuro.
Em
seu livro The Armchair Economist,
Steven Landsburg apresentou um excelente ponto sobre a alegação de que temos de
conservar a terra para as gerações futuras.
Ele pergunta como podemos saber com total certeza se nossos filhos e
netos irão preferir uma floresta a toda a renda e riqueza que seriam geradas
por, digamos, um estacionamento ou um shopping.
E a resposta é que nós simplesmente não sabemos, pois, novamente
recorrendo ao economês, é impossível fazer comparações interpessoais de
utilidade. Mas podemos utilizar o
princípio da preferência temporal para nortear nossas decisões.
Alguns
dizem que não podemos precificar o futuro de maneira tão baixa — ou que, se o
fizermos, deveríamos descontar seu valor presente de uma maneira extremamente
ínfima. Tais pessoas argumentam que, ao
fazermos nossos cálculos ambientais de hoje, as gerações futuras deveriam ser
incluídas nele e consideradas como tendo o mesmo peso da geração atual. Certo, mas qual a consequência real e lógica
de tal postura? Ora, se realmente
fizermos isso para todos os assuntos envolvendo o ambiente, então qualquer
questão sobre a proteção do planeta irá se tornar irrelevante por causa de um
fato incômodo e perturbador já apontado pelo economista Walter Block: em algum
momento futuro, o sol irá desaparecer, e o planeta com o qual estamos tão
preocupados hoje irá simplesmente desaparecer.
E isso é um fato para o qual não há alternativas.
Logo,
se estamos tão preocupados com a preservação das espécies, e se já sambemos de
antemão que, um dia, o planeta Terra irá inevitavelmente desaparecer, então
temos de buscar um conjunto de ideias radicalmente distintas e uma abordagem
radicalmente diferente da atual maneira de se pensar o ambiente. Temos de levar em conta que haverá um momento
em que o principal problema ambiental a ser enfrentado pela humanidade não será
como reduzir a poluição da terra, do ar e do mar, mas sim como sair deste
planeta ou como alterar sua posição no sistema solar, duas tarefas que estão
muito além das fronteiras da nossa atual capacidade tecnológica, mas que podem
ser alcançadas, pelo menos em princípio.
Uma
solução para este inevitável problema seria o acúmulo de recursos e capital,
algo que requer um nível muito maior de criatividade e engenho humano, e uma
divisão do trabalho muito mais acentuada que atual, de modo que as pessoas possam se
concentrar nos problemas e desafios gerados por uma viagem interplanetária. Isto significa que seriam necessárias mais
pessoas habitando o planeta, e elas teriam de ser muito mais ricas do que são
hoje, e teriam de enriquecer de maneira bem mais acelerada, pois isso liberaria
o recursos necessários para solucionar todos estes problemas.
Embora
isto — aumento populacional e enriquecimento acelerado — seja algo que
vá
exatamente contra as ideias ambientalistas convencionais, trata-se
exatamente
da consequência lógica de se dizer que as gerações futuras devem ser
consideradas como tendo o mesmo valor da nossa geração atual. A tese de
que não devemos dar ao futuro — e às gerações futuras — um
valor presente descontado implica que todos os outros problemas atuais
devem ser
relegados a segundo plano, dando-se prioridade ao urgente problema de
como
impedir a inevitável extinção humana que irá ocorrer quando o sol
morrer.
Conclusão
À
primeira vista, o objetivo de se reciclar mais e de se conservar mais pode
parecer muito apropriado, até mesmo desejável.
No entanto, os defensores de tais práticas não possuem as informações
econômicas necessárias para se tomar as decisões corretas nestas questões, pois
não há direitos de propriedade claramente definidos sobre os recursos naturais
escassos. Não há propriedade privada
sobre aterros sanitários e não há livre mercado para a reciclagem de lixo. Adicionalmente, como mostra o exemplo de
Block, se realmente nos importamos com as gerações futuras, se dermos a ela
exatamente a mesma importância que damos a nós mesmos e, consequentemente, se
estamos dispostos a nos sacrificar por ela — pois, afinal, damos a ela o mesmo
valor que damos a nós mesmos —, então o inevitável fato de que o sol irá
morrer um dia significa que, em vez de estarmos hoje preocupados com a
reciclagem de lixo, deveríamos, isto sim, estar preocupados em construir
colônias planetárias, exatamente como no seriado Battlestar Galáctica. Quem for contra isso, ou achar que se trata
de um exagero, então tal pessoa realmente não está preocupada com as gerações
futuras que presumivelmente irão habitar a terra daqui a vários bilhões de
anos.
Recicladores
e ambientalistas não são cidadãos melhores ou mais bem intencionados.
São apenas mal informados. Quer salvar árvores e diminuir a poluição?
Enfie seus papeis em uma grande sacola
plástica e jogue-a fora.
Por Roy Cordato
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