segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desescolarização da Sociedade




Pequena biografia de Ivan Illich

Ivan Illich nasceu em Viena no ano de 1926. Sua família mudou-se para Roma, onde Illich completou os seus estudos: física (Florença), filosofia e teologia (Roma) e doutoramento em História (Salzburgo)Por ser fluente em dez línguas, Illich tornou-se intérprete do Cardeal Spellman (nova York) e teve como função preparar religiosos para a comunidade hispano-americana. Nos anos 60 mudou-se para o México onde criou o Centro Intercultural de Formação (CIF) – espécie de faculdade aberta. Faleceu em Bremen, na Alemanha em Dezembro de 2002


Propostas teóricas contra a Escola

Escreveu inúmeros artigos e livros, entre os quais: Sociedade sem Escolas em 1970.

"criar entre o homem e aquilo que o rodeia novas relações que sejam fontes de educação, modificando simultaneamente as nossas reações, a idéia que faze- mos do desenvolvimento, os utensílios necessários para a educação e o estilo da vida quotidiana" (Illich, 1970, p.6).


A infantilização do homem

Segundo Illich, um dos grandes mitos de nossa época está na crescente institucionalização: todos os nossos passos se acham enquadrados e submetidos a instituições criadas para “proteger” e “orientar”, mas que na verdade cerceiam as ações humanas.
Saúde, nutrição, educação, transporte, bem-estar, equilíbrio psicológico, comunicação foram colocados nas mãos dos especialistas, retirando dos indivíduos a capacidade de decidir por si mesmos.

Crise do progresso?

Para Illich, o progresso estaria provocando o consumo desordenado, resultado da criação ilimitada de novas necessidades: hoje em dia ter sede é precisar de coca-cola...
O automóvel, esperança de economia de tempo, gerou os engarrafamentos das grandes cidades e a poluição do ar.
Ao constatar que o vertiginoso desenvolvimento tecnológico levou o homem à alienação, Illich considera importante desmistificar o ideal de progresso e de consumo insaciável.

Proposta radical de Illich: Por que não “desescolarizar” a sociedade?

Para Illich a solução da crise não estaria em promover reformas de métodos ou currículos, nem simplesmente em denunciar que a escola é instrumento de inculcação dos valores da classe dominante, mas em questionar o fato aceito universalmente de que a escola é o único e melhor meio de educação.
Melhor seria se ela fosse destruída!

CRÍTICAS À ESCOLA

Em um mundo marcado pelo controle das Instituições, a Escola escraviza mais que a família, devido à estrutura sistemática e organizada, à hierarquia, aos rituais das provas e ao mito do diploma.
Encarceradas nas Escolas pela exigência da freqüência obrigatória, as crianças ficam à mercê do poder arbitrário dos professores. Aí elas se curvam à obediência cega, desenvolvem uma atitude servil e o respeito pelo relógio. É a aprendizagem perversa da hierarquia.


Instituições manipulativas e conviviais

As Instituições manipulativas são as que merecem suas críticas, pois não estão a serviço do homem, mas contra ele, construindo-se “falsos serviços públicos”.
As conviviais são interativas, permitindo o intercambio entre as pessoas com a condição de que todas mantenham sua autonomia. Ao simplificar a forma de vida, as Instituições conviviais proporcionariam melhor interação familiar, criando autênticas comunidades.


Substituição das escolas?
Solução: “redes de comunicações culturais”

Essas redes não seriam escolas –por não terem programas preestabelecidos nem reconstituírem a figura do professor – e proporcionariam apenas a troca de experiências, com base na aprendizagem automotivada.
O recurso ao computador seria indispensável, pois facilitaria a localização de parceiros a partir de interesses revelados. Haveria também o auxílio dos sistemas de correios, bom como de uma rede de anúncios em jornais.


A criação de novas instituições educativas propostas por Ivan Illich, teria como objetivo principais:

 I- Um serviço encarregue de pôr à disposição do público os objetos educativos, isto é, os instrumentos, as máquinas e os aparelhos utilizados para a educação formal.
II- Um serviço de troca de conhecimentos, uma lista atualizado de pessoas desejosas de fazer aproveitar os outros da competência própria, mencionando as condições em que desejariam fazê-lo.
III- Um organismo que facilitaria os encontros entre pares. Verdadeira rede de comunicações, registraria a lista das pretensões em matéria de educação daqueles que se lhe dirigissem para encontrar um companheiro de trabalho ou de pesquisa.
IV- Serviços de referência em matéria de educadores que permitiriam estabelecer uma espécie de anuário onde se encontrassem os endereços dessas pessoas, profissionais ou amadores, fazendo ou não parte de qualquer organismo. 


In:_____ ARANHA, Maria Lúcia de A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.

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