quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Por que Ser Otimista?



Por Mark R. Rushdoony
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

O homem, criado um ser religioso, é dependente da fé. Ele tem uma mente e habilidades de raciocínio, assim com tem pulmões e o poder de respiração. Mas a razão não caracteriza a natureza do homem, não mais do
que a respiração. O homem é uma criatura de fé porque foi criado e colocado num mundo que é maior que ele, e que não lhe deve sua existência ou explicação. Ainda, regularmente elevamos nós mesmos como paradigmas de sabedoria e entendimento, algumas vezes mesmo enquanto professamos dependência de Deus.
Há vinte e três anos, quando estava me preparando para deixar a Virgínia do Norte e vir trabalhar com meu pai na  Chalcedon, um ministro comentou comigo que ele gostava das idéias do meu pai, exceto sua crença no pós-milenismo: “Simplesmente não vejo isso acontecendo no mundo de hoje”, ele disse. Eu tenho ouvido muitos comentários similares desde então. Mas suas palavras denunciam o erro de seu pensamento. Ao falar do que via, ele não estava falando sobre escatologia, que é a crença sobre o fim dos tempos. Ele estava falando sobre presciência ou previsão, conhecimento pessoal do que está por vir. Ele poderia olhar ao seu redor e racionalmente dizer que seus olhos não viam e sua mente não podia detectar nenhuma evidência da vitória de Deus dentro da história. Mas previsão é a base mais fraca para algo, especialmente para o otimismo. Ela não é de nenhum valor quando sabemos que somos tão falíveis. Previsão é geralmente sobre ver o presente e extrapolá-lo para o futuro.

Escatologia não é sobre o que vemos e entendemos, nem é sobre o que pensamos. É sobre o que cremos sobre o fim da existência humana. Podemos ser otimistas sobre o nosso fim e o mundo que vemos ao nosso redor, se cremos em Deus. Podemos ser otimistas porque cremos em Quem Ele é e no que Ele diz. Nossa escatologia, ou doutrina das últimas coisas, deve proceder da nossa teologia, ou doutrina de Deus. É nossa doutrina de Deus que determina nossa visão das últimas coisas. Alguns com crenças bem negativas sobre o final dos tempos são bem otimistas. Isso pode ser verdade porque é uma grande fé em Deus que torna alguém otimista. A despeito dos cenários sombrios do fim dos tempos, muitos ainda têm grande confiança por causa de sua fé em Deus.

O que cremos não deve ser baseado no que vemos; essa é a falácia do racionalismo. Se você é um racionalista, sua mente pode levá-lo a quase todo lugar e convencê-lo de sua sabedoria nisto. O que cremos sobre o fim dos tempos deve ser baseado sobre em Quem cremos; devemos ver a grande figura. A história está nas mãos de Deus. Ela tem um princípio e um fim. Deus estava, está e sempre estará no trono. Portanto, podemos estar confiantes que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus. Sabemos que a nossa vitória sobre o pecado e a morte está assegurada por causa da expiação de Cristo há dois mil anos. Por que não ser otimista, quando “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm. 8:18)?

Assim, por que os cristãos tendem a ser tão pessimistas? Eles tendem a ver somente o que enxergam com os olhos. Isso é racionalismo, mas a Escritura nos diz para vermos as coisas em termos do que cremos. A
Escritura chama isso de andar pela fé. Servimos a um Deus poderoso. Quão poderosa é a nossa fé nele?

Quando vemos somente com os nossos olhos (como os bons racionalistas fazem), colocamos o foco em nós mesmos e no mundo. Vemos todo o pecado, mal e rebelião. Vemos tanto que podemos começar a pensar
nisso como normativo. Mesmo aqueles com boa teologia podem se focar tanto sobre o mal, que colocam mentalmente o reino de Deus numa área remota, que é inconsistente com sua confissão. Os otimistas teóricos e teológicos são também freqüentemente pessimistas na prática. Por anos meu pai teve um cartão amarelado em sua geladeira, no qual líamos: “Por que orar, quando você pode se afligir?” É somente andando em termos da nossa fé que evitamos olhar ao nosso redor e sermos consumidos por aflição e pessimismo.

Os homens tendem a pensar e agir em termos do seu entendimento do que vêem (tanto física quanto teologicamente) diante deles. E a teologia do fim dos tempos de maldição e desgraça tende a desencorajar mesmo aqueles com fé genuína e submissa. Se eles são ensinados a crer que Deus é instrumental no declínio do mundo, eles devem sobrepujar uma grande tendência para não agir de uma maneira derrotista. Algumas vezes seu desejo de ser otimista toma um lado peculiarmente distorcido e obscuro. Tenho ouvido muitas vezes: “Não é maravilhoso que haja tanto mal? Isso significa que Jesus está vindo em breve.” Então também, há uma lógica para o pessimismo se você crê que Deus escolhe estar às margens da história. Requer-se esforço extremo para não agir e pensar em termos do que você crê. Se você crê que o mal deve chegar para controlar o mundo, você se sentirá sem esperança e vencido em suas várias manifestações. Poucas de tais pessoas podem evitar o escapismo e derrotismo resultante.

É totalmente correto entristecer-se com o pecado e lamentar o mal. Cristo chorou sobre Jerusalém e por Lázaro. Mas sempre devemos tomar consolo não no que vemos, mas em Quem cremos. O Salmista nos diz para esperarmos em Deus. Quando estamos confiantes que nossos tempos estão nas mãos soberanas e cuidadosas de Deus, podemos aprender a esperança porque o fim dos tempos está nessas mesmas mãos. Ande por vista como um racionalista e seu futuro será um de aflição e pessimismo. Ande pela fé e o
futuro será tão brilhante quanto Deus é bom.
 
Fonte: http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/porque-ser-otimista_Mark-Rushdoony.pdf   In: Faith for All of Life, Maio 2001

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