Por POR RONALDO LIDÓRIO
Era uma pequena aldeia africana rodeada por uma
floresta pouco densa, palhoças construídas com barro e uma fogueira ao centro
iluminando a noite sem lua. Ao redor do fogo, homens e mulheres enrolados em
coloridos panos, dançavam freneticamente sob o ritmo forte e acelerado de dois
tambores, tocados por homens negros com as faces pintadas de branco e
enfeitados com cordas.
Estavam celebrando o “Khumem” – funeral – e assim 3
homens armados com arcos e flechas corriam ao redor do grupo gritando e mirando
as flechas para todos os lados. A música cantada já é reconhecida por aquele
povo há 1000 anos e os sons preferidos são roucos e estranhos, pois tal povo
utiliza uma língua exótica e vive isolado do mundo exterior. Eles se
auto-intitulam “Bisalyiins” e habitam essa região há séculos. Repentinamente,
um homem bem mais alto que os outros se levante do meio do grupo e sai em
silêncio até uma grande árvore, à esquerda. Ali toma 4 galinhas, 1 porco e 3
cabritos e os mata. Recolhe o sangue em pequenas cabaças e os leva até a
aldeia, onde começa a proferir certas palavras enquanto molha um pano com o
sangue e o passa nos umbrais das portas de cada palhoça. Continua este ritual
até chegar a ultima palhoça onde derrama o restante do sangue colhido. Após
isto, vira-se e começa a cantar, sozinho, bem baixo uma música que diz: “U Nyun
ka cha linampaln bikapolechona” – “Os espíritos de morte não viram por uma
semana”. Enquanto este homem voltava para o grupo que cantava, eu o parei no
meio do caminho e lhe perguntei: “Quem lhes ensinou a usar o sangue desta
forma?” “Quando Uwumbor era Deus” – começou ele a dizer – “Não precisávamos
temer os espíritos. Desde que nossos ancestrais vieram para estas terras
tivemos que aprender a usar o sangue nas portas das pahoças, renovando a cada
semana, para evita os “Nyunin”. Mesmo assim o nosso povo continua opresso e
morrendo”.
O que a Igreja redimida de Jesus Cristo tem a ver
com povos tão distantes, pequenos e estranhos a nós como os Bisalyiins , uma
subetnia Konkomba?
Como um povo tão isolado, mesmo sem conhecimento da
Revelação escrita, possui consciência da existência de Uwumbor – “O Deus que
governa?” Por que usam o sangue nos umbrais das portas em uma vã tentativa de
não estarem à mercê dos “Nyunin” – espíritos da morte? Qual a responsabilidade
que nós, biblicamente, possuímos para com povos como este?
Nossa
Motivação é o Cordeiro Jesus
A
História das Missões registra a vida e morte de grandes mártires. Alguns, porém
o foram sem reconhecimento histórico. Durante a época da grande expansão
moraviana um pequeno grupo de crentes chegou à África do Sul no intuito de
evangelizar as tribos da região. O exército inglês, que controlava todas as
entradas e saídas, negou-se a dar escolta a este grupo com tão estranhos
objetivos. Entretanto, mesmo sem escolta, eles adentraram as regiões tribais e
nunca mais voltaram.
Os
moravianos , por indício histórico, quando eram questionados sobre o que
estavam fazendo e onde estavam fazendo e onde estavam indo, tinham sempre
a mesma resposta: “Estamos indo buscar para o Cordeiro o galardão pelo
sacrifício d’Ele”. E realmente foram. Alcançaram as ilhas virgens, Groelândia,
América do Sul e do Norte, Lapônia, África do Sul e muitos outros lugares no
mundo.
Recentemente,
alguns missionários chegaram a uma aldeia ao sul da África em uma região
íngreme e de difícil acesso onde perceberam entre o povo alguma influência
missionária do passado. Chegando ao centro de uma das aldeias encontraram, em baixo
relevo, a figura de um cordeirinho carregando a cruz. Este era o símbolo
moraviano e eles certamente haviam chegado também até ali!
O que
movia tal atitude entre este povo que em apenas um século espalhou o evangelho
do Senhor em longínquas regiões do mundo? Sem dúvida uma paixão ardente pelas
almas perdidas, uma convicção da Missão da Igreja e uma visão étnica de que
todos os povos da terra necessitam individualmente do evangelho do Reino. È a
visão que necessitamos!
Nossa Comissão Abrange Todas as Etnias
Em Mt
24:14 vemos a afirmação de Jesus dizendo: “...e será pregado este evangelho do
reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações...”. Aonde o termo
“nações” e “Ethne”, vindo daí “etnias” em português, que pode ser entendido
como “grupos com sua própria língua, história e cultura”. Portanto, cada grupo
étnico não alcançado sobre a face da terra é um desafio à Igreja de Cristo
hoje.
Creio
assim que Deus olha para o mundo interessado em mover a Sua Igreja para
alcançá-los não em uma perspectiva simplesmente nacionalista (olhando para cada
país), mas sim numa perspectiva étnica (olhando para cada povo). Olhemos
rapidamente para o mundo desta forma!
Há no
mundo hoje cerca d 23.500 grupos étnicos há povos com até 1 milhão de pessoas
como é o caso dos chineses (Hans) como também grupos minoritários contendo
menos de 40 pessoas como os Tiks-krô (com apenas 21 pessoas) ao sul de Burquina
Faso.
Dentre
estas 23.500 etnias existentes, há cerca de 8.000 que ainda não foram
alcançadas, ou seja, não possuem nenhum testemunho do evangelho ou uma igreja
autóctone forte o suficiente para dar continuidade à expansão da fé naquela
determinada região. Em geral, tais etnias não alcançadas são formadas por
aborígines (povos que vivem em matas); grupos muçulmanos no norte da África e
Oriente Médio; parte das etnias hindus e por várias outras budistas isoladas na
região do Himalaia, ilhas do Pacífico, América Latina, em grandes centros
urbanos como Dakar no Senegal e no centro, oeste e nordeste africano entre grupos
animistas.
O desafio
da Igreja hoje, portanto, encontra-se espalhado por matas, rochas, montanhas,
desertos, ilhas e planícies remotas e grandes centros urbanos em países
resistentes.
Nosso Desafio Abrange Todas as Línguas
O mundo
possui hoje aproximadamente 6.400 línguas vivas, faladas por todos os grupos
étnicos. Não trataremos dos dialetos minoritários ou sub-dialetos. Destas 6.400
línguas faladas no mundo, 4.000 não possuem as Escrituras em seu próprio idioma
e 50% permanecem ainda ágrafas, e em geral, pertencentes a grupos minoritários
com pouco ou nenhum contato com o mundo exterior.
América do Sul e
Central
Há grupos
indígenas espalhados por toda parte do continente americano. Alguns em desertos
(como no México), outros em montanhas (como na Cordilheira Andina) e ainda
outros em selvas (como na Amazônia). Somente na América Central há cerca de 76
grupos indígenas com línguas próprias totalizando aproximadamente 3.500.000
pessoas. Três desses grupos estão em fase de extinção.
Na
América do Sul há cerca de 368 grupos indígenas distintos etnicamente e ao
menos 30 deles correm riscos de extinção. Em toda esta parte do continente
americano encontramos grupos (especialmente os minoritários) com gritante
necessidade do testemunho do evangelho tais como:
·
Os Samachique do México, que vivem (em grande parte) em cavernas no alto das
montanhas, falam o Tarahumara além do Chinatu;
·
Os Quecchi, que vivem na Guatemala, descendentes dos antigos Mayas, falam o
Kekchi e vivem de plantações;
·
Os Cogui da Colômbia, falam o Cogui, são animistas, vivem agricultura;
·
Os Cayapa na Bolívia falam o Chipaya, também são animistas, vivem da
agricultura além do pastoreio de animais;
·
Os Mapuche do Chile, falam o Mapundungu, além de 3 outros dialetos. São
pastores de ovelhas;
·
Os Miskitos na Nicarágua falam o Miskito além de outros 5 dialetos. São
pescadores.
Amazônia
Em termos
gerais possuímos cerca de 243 tribos distintas (ou etnias) em todo o Brasil
especialmente no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Amapá, Roraima e Goiás e, em
grande parte, dentro da floresta amazônica. Destas tribos cerca de 100 já foram
alcançadas pelo evangelho, 30 são indefinidas e mais de 114 permanecem não
alcançadas ou com pouca exposição ao evangelho. Os missionários em tais regiões
têm desenvolvido um trabalho surpreendente e realizado um esforço supra –humano
para a permanência entre os indígenas apesar da grande pressão social e
política brasileira. Há dezenas de grupos indígenas que necessitam urgentemente
de um esforço missionário em sua direção como os Amanaye que falam o Tupi; os
Arapaso que falam o Tukano; os Arawete que falam o Arawete; os Arikapu que falam
o Aislada; os Assurini que falam o Tupi; os Cintra Larga que falam o Monde; os
Guaja que falam o Guaja; os Guariba Maku que falam o Naded; os Iawano, no Acre
que, provavelmente, falam o Pano; os Yuruna que falam o Juruna; os Kamayura
que, também, falam o Tupi; os Kanamanti que falam o Arawa; os Kobari, na
Amazônia, que falam o Yanomami; os Kohoro Xitares que falam o Yanomami; os
Korobu que falam o Korobu ; os Kreye que falam o Macro-ie; os Massaka que falam
o Massaka; Os Maya que falam o Pano; os Maopityagn, na Amazônia, que falam
possivelmente o Aruak; os Menken que falam o Monde; os Mentuktire que falam o
Kayapo; os Miguelenho que falam o Tupi; os Mirititi Tapuia que falam o Tukano;
os Mura que falam o Mura; os Nukuini que falam o Nukuini; os Omagua que falam o
Tupi-Guarani; os Pacu-Tapuya que falam o Aruack; os Parakana que falam o
Tupi-Guarani; os Paranawat, em Rondônia , que falam possivelmente o Tupi; os
Pida-Djapa que falam o Katukina; os Poyanawa que falam o Pano; os Puyobye que
falam o Jê; Os Solomã, na Amazônia, que falam o Aruak; os Suriu que falam o
Suriu; os Tora que falam o Tupi; os Tupari que falam o Tupi; os Uru-Eu-Wau-Wau
que falam o Tupi; os Waimiri que falam os Karib; os Warikyana que falam o
Karib; os Mayoro que falam o Tupari; os Xikrin que falam o Kayapo; os
Yawalapiti que falam o Aruak; os Yepa-Maxsa que falam o Tukano e outros.
AGÊNCIA PRESBITERIANA DE MISSÕES
TRANSCULTURAIS
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário