sábado, 29 de setembro de 2012

A História do Conde Zinzerdorf


                             Por Florencio Moreira de Ataídes


A História do Conde Zinzerdorf

Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Alavancando assim a obra missionária tão esquecida naquela época. Ele 
amava profundamente a obra missionária e, como poucos líderes na história, entendeu a importância de missões como a tarefa prioritária da igreja. Com seu exemplo foi capaz de levar a sua comunidade a 
abraçar o empreendimento missionário, enviando ao longo dos anos mais de 200 missionários para todos 
os continentes. 

Zinzendorf nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. Seu pai, um alto oficial da corte, faleceu logo após seu nascimento, mas no leito de morte, o consagrou à obra do Senhor. Com o novo casamento de sua mãe, ele foi criado por sua avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorf, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor Jesus Cristo. Desde criança, Zinzendorf tinha grande interesse pelas coisas de Deus, como testemunhou mais tarde dizendo: “ainda na infância, eu amava o Salvador e tive comunhão abundante com Ele. Aos quatro anos comecei a buscar sinceramente a Deus e decidi tornar-me um verdadeiro servo de Jesus Cristo” (ATAÍDES, p. 15). Esse interesse acentuou-se ainda mais quando, aos dez anos de idade, foi matriculado na Escola Pietista, em Halle, onde foi tremendamente influenciado por esse movimento. Naquela escola, tornou-se líder entre os colegas criando a ordem “O Grão de Mostarda” que visava a evangelização do mundo. O emblema da ordem tinha um pequeno escudo com a inscrição: “Suas chagas nos curam”, e cada um deles usava um anel com as seguintes palavras: “nenhum homem é uma ilha.” Como lema da sua vida, Zinzendorf adotou a seguinte frase: “Tenho uma única paixão: Jesus, Ele e somente Ele”. Tendo essa paixão tão acentuada por Cristo, pregava uma profunda devoção pessoal a Ele baseada em sua própria experiência.

Certa vez, em uma de suas viagens pela Europa, numa galeria em Dusseldorf, na Alemanha, ao ver um quadro de Cristo coroado de espinhos com a seguinte inscrição: “Eu tudo fiz por ti, o que fazes tu por mim?” (ATAÍDES, p. 21), foi tocado profundamente, o que o levou a chorar e tomar uma decisão de dedicar a sua vida ao serviço de Cristo. 

Ele usou sua herança em Berthelsdorf, para fundar uma comunidade denominada Herrnhut, que significa “Abrigo do Senhor”, em 1722, dando refúgio a cristãos perseguidos da Morávia, entre os quais se tornou o líder espiritual. Após 5 anos de existência, num memorável domingo, em 13 de agosto de 1727, quando estavam reunidos para a Ceia do Senhor, o Espírito Santo veio sobre eles, quebrantando-os e levando-os à maior reunião de oração de todos os tempos, que durou mais de 100 anos ininterruptos (TUCKER, p 73-74).

O despertamento missionário de Zinzendorf se deu quando, em Copenhague, participava da festa de coroação do rei da Dinamarca Cristiano VI. Foram-lhe apresentados dois convertidos esquimós da Groenlândia, batizados pelo missionário Hans Egede, e um escravo negro das índias ocidentais (NEIIL, P. 242). Zinzendorf ficou tão impressionado com eles que convidou o último para uma visita em sua comunidade em Herrnhut e a presença dele ali trouxe um grande despertamento entre os moravianos tendo como resultado o envio dos primeiros missionários, em 1732 (TUCKER, p. 74). O próprio Zinzendorf se tornou missionário entre os índios americanos, mas por algumas circunstâncias regressou a sua terra deixando este trabalho na responsabilidade dos missionários nomeados por ele.

Ele teve papel importante na propagação das missões cristãs na sua época e deixou exemplos que serão sempre modelos para a igreja, sendo pioneiro no exercício de missões protestantes estrangeiras que “enviaram, num curto espaço de tempo, mais missionários do que todos os protestantes juntos durante duzentos anos de protestantismo” (ATAÍDES, p.18). Os moravianos enviaram missionários para as Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.

O ilustre Conde Zinzendorf foi o líder da Igreja moraviana até sua morte, em 09 de maio de 1760, quando foi recebido nos tabernáculos eternos aos 60 anos de idade. Tendo sido um homem que buscou ardentemente a comunhão com o Senhor e a unidade do povo de Deus na terra, Zinzendorf levou seus seguidores a ter uma motivação e “a única motivação deles era o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra” (TUCKER, p. 77). Que possamos dizer como Zinzendorf: “venceu o nosso Cordeiro. Vamos segui-lo”.

______________________________________________________________________________________

Referências: 
ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.
NEILL, Stephen. História das Missões. São Paulo: Vida Nova, 1989.
TUCKER, Ruth. Missões até os confins da terra. São Paulo: Shedd, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário