1. Primeiros Anos de Vida
1513 – Data mais provável do seu nascimento. Nasceu no povoado de Haddington às margens do rio Tyne cerca de trinta quilômetros da capital Edimburgo. Veio de uma família de classe média a qual lhe proporcionou uma educação razoável nos moldes daquela época. John perdeu sua mãe quando ainda era criança. Seu pai William Knox logo veio a se casar. Ao que parece o seu período de infância e adolescência foram normais tendo o seu caráter forjado sobre normas e princípios rígidos e certa rusticidade fazia parte de seus traços. Certamente não era para sua época considerado um “gentleman”, traço esse que se evidenciou por toda a sua vida, mesmo quando veio a convier com a nobreza.
2. Contexto Político e Religioso
É impossível se falar de um reformador sem falar do seu contexto político e religioso. Os escoceses são por natureza, patriotas ferrenhos. São amantes da liberdade há tanto tempo adquirida. Eles já estavam politicamente independentes há dois séculos, todavia, eram politicamente pressionados por sua vizinha à Inglaterra que era oito vezes mais populosa e consequentemente mais rica. Quanto ao contexto religioso, não podemos fechar os olhos à devastadora corrupção que lavrava a igreja naqueles dias. O clero era depravado e rico, o povo era explorado, a Escritura ignorada, as superstições e crendices dominavam as mentes e asfixiava a fé genuína. Os bispos e cardeais se curvavam aos ditames papais a fim de assegurar benefícios vultosos para si próprios e para seus descendentes. Crê-se que na época havia a igreja abocanhada metade da riqueza do país e tão grande era o domínio que exercia que a nação corria o perigo de perder a própria independência, subjugada ao poder papal. Nesse contexto que se levanta o amante de Deus e da Escócia.
3. Seus Estudos e a Influencia
Decidido a ser padre, primeiro estudou na escola preparatória a fim de receber sólido ensino de Latim, a língua da cultura e do intercambio social, (como o inglês hoje) ingressando posteriormente na universidade de Saint Andrews para formação acadêmica. Foi ali que teve conhecimento das reformas que ocorriam por toda Europa sobre as orientações do seu mestre e orientador John Major. A maioria dos estudantes era simpatizante pela causas reformistas, mas as discursões eram feitas com muita cautela para não ocorrer no desagrado dos cardeais e sofrer penosas punições. Em suas leituras e estudos teve contado com os escolastas (que vai de Agostinho no fim do século IV a Tomás de Aquino século XIII) passando para os patrísticos (os primeiros escritores da igreja como policarpo que morreu por sua fé) e nestes encontrou luzes que lhe alargaram os horizontes e o levaram a mais questionamentos sobre as práticas vigentes da igreja. Práticas essas que à medida que Knox ia estudando as Escrituras ia recebendo conforto quanto às mentiras que o atormentavam e firmando cada vez mais suas convicções quanto aos erros que a igreja outrora andava.
4. O Martírio de Patrick Hamilton
Em 29 de fevereiro de 1528 houve um acontecimento que deve ter chocado muito o jovem Knox que na época tinha quinze anos. Esse acontecimento foi à infame e vergonhosa execução do nobre clérigo Patrick Hamilton. Esse jovem estudou em Paris e na Alemanha onde teve o contato com as idéias protestantes que inundavam a Europa. Depois de um acerado debate com o arcebispo James Beaton. Este (como era de se esperar) foi condenado à fogueira. A declaração da sentença e a execução foram no mesmo dia, pois temiam que seu irmão à frente de alguns simpatizantes conseguisse livrar o rapaz. Apesar de morrer de forma lenta (seis horas) em momento algum perdeu a sua compostura e se manteve firme a sua fé morrendo como um herói tornando-se o primeiro mártir da reforma escocesa. O propósito da execução era trazer pavor àqueles que sustentavam essas idéias reformistas, no entanto, o caso trouxe mais confusão ainda, pois os acontecimentos trouxeram revoltas por toda a Escócia que já não agüentava mais o domínio autoritário da igreja católica. É razoável pensar que esse acontecimento fortaleceu ainda mais as convicções do jovem Knox. Alguma coisa tinha que ser feita.
5. O Martírio de George Wishart
Wishart a exemplo de Patrick também foi muito influenciado pela reforma que ocorria em quase toda Europa. No entanto, ao contrário de Patrick a sua influencia fora mais de linha reformada tendo como seu principal mentor Zwínglio que fora sucedido posteriormente por Calvino. Wishart empreendeu abençoada campanha de pregação pelas cidades da costa leste do país e John Knox tornou-se um dos seus principais discípulos. Ambos tinham praticamente a mesma idade. Knox se tornou um grande admirador desse reformador de tal modo que esse se tornou uma grande inspiração para sua vida e luta. Wishart foi condenado à fogueira pelo insidioso cardeal Beaton no último dia de fevereiro (1546) data que marcava o décimo oitavo aniversário da execução de Patrick Hamilton (Knox tinha 33 anos). A piedade Wishart era tão visível que o carrasco que estava encarregado de queimá-lo não só relutava em levar acabo tão dura tarefa como também se ajoelhou diante de Wishart pedindo-lhe perdão. Knox amava e admirava tanto esse grande reformador que andava com uma espada a fim de proteger o seu amigo de qualquer eventual tramóia. Ele só não foi preso com Wishart porque este o persuadiu a entregar sua espada insistindo que o sacrifício de um somente era necessário. Todos esses acontecimentos devem ter chocado e muito o espírito desse eminente reformador.
6. Acontecimentos Depois da Morte de George Wishart
A insatisfação advinda na Escócia não vinha somente do clero piedoso, mas dos nobres que se sentiam insatisfeitos com o domino cada vez mais crescente da igreja “católica” que nessa época já era dona de quase a metade da Escócia. Muitos desses nobres viam em George Wishart o vislumbre para a libertação religiosa da escócia (pelo menos nos moldes em que era conduzida a questão). Com a morte de George Wishart aflorou uma revolta no coração de alguns nobres que o vingaram entrando no castelo do cardeal Beaton e o mataram. Esses acontecimentos trouxeram logicamente graves conseqüências. Os nobres assassinos e outros que se firmavam na mesma ideologia tomaram conta do castelo e fizeram do mesmo um tipo de fortaleza. Nesse ínterim as famílias desses nobres convidaram John Knox a pregar naquela cidade com a intenção de que ouvindo os moradores às suas mensagens impetuosas se libertassem completamente do julgo católico conseguindo assim mudar a situação. Knox se sentiu encurralado não encontrando outra opção senão atender a tal convite sabendo que o seu fim poderia ser como o Patrick Hamilton e George Wishart. O clérigo conseguiu apoio dos franceses e tomou o castelo levando todos presos inclusive o jovem pregador John Knox. Os nobres tiveram um tratamento melhor do que aqueles que não eram de tal linhagem, pois estes foram obrigados a trabalhar como galés (trabalhos forçados com remos) dos navios franceses.
Knox amargou nesse trabalho escravo por um ano e seis meses (agosto de 1547 a fevereiro de 1549). É importante frisarmos que durante todo esse tempo o nosso ilustríssimo patriarca não desmaiou em sua fé por um instante. Por mais obediente e trabalhador que era, enquanto na condição de escravo, e mesmo sofrendo muito com isso, pois não era acostumado a tal trabalho, não se dobrava as imposições religiosas. Nas noites de sábados quando nos exercícios religiosos era cantada a “Salve Rainha’, uma referencia a Maria, Knox e os demais escoceses cobriam a cabeça com qualquer coisa que estive a mão como sinal de repúdio. Em dada época trouxeram um quadro de “Nossa Senhora” para que todos o beijassem e John Knox recusou-se a beijá-la e quando o oficial e dois guardas quiseram forçá-lo com violência, imediatamente ele agarrou aquele quadro e o jogou no rio, exclamando irônico: “Nossa Senhora que se salve”. Ela é bem leve. “Aprenda a nadar”.
Não há relato de que fora punido por isso. Provavelmente o comandante não quis dar muita atenção ao ocorrido para manter a calma entre a tripulação. O comandante do navio não era ninguém menos que Nicolau Durant de Villegagnon que trouxera em 1557 um navio cheio de calvinista ao Brasil, mais especificamente na Baía de Guanabara. Esse comandante recebeu o título de Caím das Américas devido a sua traição aos protestantes que estavam sobre sua guarda bandeando para o lado dos católicos e resultando assim na expulsão desses irmãos e na morte de sete calvinistas na baia de Guanabara.
7. Contribuição de John Knox à Reforma na Inglaterra
Devido à situação desfavorável que se lhe impunha para voltar à Escócia John Knox se vê forçado a refugiar-se na Inglaterra. Era ali um país favorável a um clérigo com espírito reformista como ele. Nesta época o país não estava debaixo do jugo papal, devido aos atritos ocorridos entre o papa Clemente VII e o rei Henrique VIII, por este não querer anular o casamento do rei. Knox ficou em solo inglês por cinco anos. Devido à abertura religiosa em que se encontrava a Inglaterra nessa época ele pode causar grande influencia naquela nação chegando a se tornar um dos seis capelães da corte. Em Newcastle exerceu um ministério ainda mais destacado conseguindo banir as imagens das igrejas desarmando os altares votivos (daqueles que faziam votos) eliminou os rituais pomposos, simplificou a liturgia, a amenizou as penitencias da quaresma (não sendo imposta questão como não comer carne, por exemplo). No entanto, depois da morte do jovem rei Eduardo VI e a subida ao trono de sua irmã Maria Tudor que recebera dos historiadores o “carinhoso” apelido de MARIA SANGUINÁRIA por levar a fogueira nada menos do que trezentas vitimas que apoiavam a reforma. Diante das dificuldades que se levantara viu-se forçado a fugir para Genebra onde se encontrara com Calvino. Enquanto esteve em Genebra escreveu cartas tanto à rainha quanto aos seus correligionários denunciando de forma enfática os seus erros para com a pátria e seus patrícios e a verdadeira religião. Knox era um inconformista nato. Em Genebra burilou mais ainda suas convicções teológicas junto a Calvino e Heinrich Bullinger o renomado teólogo e historiador suíço. Ele fora convidado a pastorear os refugiados ingleses em Frankfurt, na Alemanha. Ficou ali apenas um ano (1554-1555), pois tivera muito desgaste com os refugiados ingleses que queriam manter muitos dos rituais católicos, apesar de que o principio reformado acabou prevalecendo.
8. O Casamento de John Knox e os Primeiros Passos Para a Reforma Escocesa
Antes de fugir para Genebra por causa das investidas da rainha Maria Tudor (Maria sanguinária) John Knox havia ficado noivo no verão de 1552 com a jovem Marjorie Bowes. Devida as grandes dificuldades impostas naquele período, Knox teve que adiar seu casamento por três anos. Depois do frustrado ministério em Frankfurt, ele foi convidado por Calvino a pastorear uma pequena igreja de refugiados ingleses. Mas mal começara o seu ministério recebeu uma carta de sua sogra dizendo que seu marido havia morrido e que ele deveria voltar à Escócia e consumar o matrimonio que já não era sem tempo. Essa carta muito perturbou o reformador. Ele sabia que a situação política na escócia não favorecia as suas idéias reformistas, entretanto, a angustia de viver a tanto tempo sozinho sem uma companheira (já era um quarentão) e a saudade da amada pátria, pois já se passara oito anos que Knox havia ido embora, lhe deram forças para voltar.
Em fins de agosto de 1555 (não pastoreou nem dois meses a pequena igreja) Knox retorna para Escócia e oficializa o seu casamento. É lógico que Knox não foi para lá simplesmente para casar e viver uma vida pacata conformada com a triste realidade política e religiosa em que vivia a sua amada pátria. Logo após seu casamento Knox percebeu que havia entre o povo e principalmente entre os jovens um espírito aberto a novas idéias. Pôs-se logo em contato com personalidades do ambiente político e social procurando granjear os antigos amigos que eram simpatizantes das idéias reformistas e logo já estava pregando com aquele espírito de profeta. Ele fora desafiado pelos bispos da região, mas estes temendo represaria do povo, não quiseram ir adiante com suas contestações. Muitos dos nobres haviam aderido às idéias reformistas de Knox entre eles estava William Keith tido por muitos como o mais rico dos escoceses de seu tempo. Por influencia desses nobres Knox escreveu uma carta à rainha Maria de Guise onde louvava a rainha pelos esforços empreendidos que haviam beneficiado a Escócia (observe que seu trato é mais polido agora do que no passado), mas, todo o seu esforço não teria valor algum se continuasse a apoiar uma religião corrupta. Dizia ele: “a igreja é a base primeira de todas as importantes medidas que visaria uma mudança total na nação”. Essa carta não agradou a rainha ela o achou muito petulante um perfeito idiota. Knox ficou muito magoado com a atitude da rainha e achou que deveria voltar para Genebra. A escócia ainda não estava preparada para reforma. Muitos progressos haviam sido alcançados, mas ainda não era à hora. Tudo o que esse reformador já havia passado lhe trouxe a tremenda lição de que a tempo para tudo debaixo de céu.
9. O Amadurecimento Teológico de John Knox
Mal chegará a Genebra Knox recebera uma convocação que lhe era dirigida pelas autoridades eclesiásticas de Edimburgo para responder as acusações de herege que lhe haviam feito. Knox ignorou tal convocação. Já que não comparecerá queimaram uma imagem sua em praça publica com o propósito de intimidar seus seguidores.
Em Genebra trabalhou como pastor de refugiados ingleses. Pregava três ou mais vezes por semana, sermões que no espírito da época duravam duas, até três horas. Dedicou se aos estudos de teologia, grego e hebraico. Agora aproveitou para estar mais tempo com Calvino absorvendo mais de seus préstimos saberes. Mas a lembrança da amada escócia não lhe saia da cabeça e os seus admiradores não lhe davam trégua inundando Genebra de cartas e mensagens, obrigando o reformador a constante atenção aos problemas vividos na escócia.
10. As Cartas Bombásticas de John Knox
John Knox nunca foi conhecido por sua delicadeza ou por seu tato diplomático e isso não lhe trouxe boas conseqüências. Ele não media as palavras. Entre essas cartas bombásticas citaremos algumas:
O Primeiro Clangor de Trombeta Contra o Monstruoso Regime Feminino. Ele denuncia os males sobrevindo à nação, atribuindo-os, sobretudo ao erro de um governo exercido por mulher. As bases do seu argumento eram um reflexo do pensamento machista da época, ensino bíblico, o direito romano e a opinião dos pais da igreja. Ele dizia que um governo exercido por mulher contraria a natureza, viola a razão, ofendia a Deus, feria o bom senso, infringia os ditames da tradição e dos costumes observados universalmente. Esse panfleto não deve ser visto simplesmente como um desabafo machista, afinal, as mulheres eram as principais responsáveis pelo insucesso da Reforma na Inglaterra e na Escócia. Maria Tudor aniquilou todo o processo de reforma começada na Inglaterra, Maria de Guise, impedia qualquer avanço da reforma na Escócia e sua filha Maria Stuart que veio a substituí-la seguiu os mesmos passos da mãe. De fato a sua experiência com um regime governado por mulheres tinha sido as piores.
Rogativa. Dirigida a regente Maria de Guise. Uma carta sem muita polidez insistindo quanto à necessidade uma reforma na igreja para o bom andamento da nação.
Apelo. Endereçada a nobreza da pátria. Nessa carta ele defende seus ideais demonstrando a imprudência de sua condenação feita pelos injustos bispos escoceses.
A Carta ao Povo em Geral. Mensagem destinada ao povo em geral com o propósito de desapertá-los para o interesse do país.
Mesmo fora do país Knox não se esqueceu dos seus sonhos para a sua nação. Apesar de seu agir ainda meio grotesco a experiência o ensinará a ter uma visão mais política do todo. Ele dirige a sua atenção ao povo inteiro desde a esfera governamental até ao homem comum, buscando a todos influenciar. Em suma sua carta dizia que os direitos e deveres dos governantes e dos governados deveriam ter um respaldo bíblico em absoluta consonância com a vontade soberana de Deus. Logo, se é ilegítimo uma mulher governar, eles não deveriam aceitar a regente como tal e nem aqueles que a apoiassem, pois estariam contrariam os ensinos das Escrituras.
11. O Inicio da Reforma Propriamente Dita
Não sabemos até que ponto as cartas de Knox contribuíram para mobilizar o povo às reivindicações dos seus direitos civis e eclesiásticos. Talvez tenham elas sido o estopim se considerarmos que a voz profética do reformador já havia soado várias vezes na Escócia e aquelas palavras certamente haviam calado fundo no coração do povo escocês. De qualquer forma o importante é que o povo já havia começado a mudar suas atitudes já há alguns meses antes da publicação de suas cartas. Em “3 de dezembro de 1557 (um ano antes), seguidores seus subscreveram solene compromisso, que se chamou de primeiro pacto, ou “convenant”, mercê do qual prometiam diante da “Divina Majestade” promover a pregação da palavra de Deus, consolidar a congregação de seu povo, promover-lhes pastores regulares, assisti-los e defende-los contra os ataques ímpios e satânicos com quem teriam fatalmente de defrontar-se”.
A primeira atitude foi encaminhar a regente uma petição regida em termos extremamente respeitosos e cordatos. As petições requeriam o seguinte:
Que fosse sancionada a leitura do livro inglês de oração todo o domingo nas igrejas, aprovada a pregação e leituras de sermões e estudo das Bíblia em salões e lares, facultada a liberdade de interpretação do texto Sagrado nessas reuniões, estabelecida à celebração da Santa Ceia nas duas espécies (pão e vinho) para todos os fiéis comungantes, promovida urgente e séria reforma da vida e conduta da clerezia em geral, que envergonhava a igreja, escandalizava o povo de Deus, servia à corrupção dos costumes e pervertia a moral.
A regente não querendo dizer não de cara para não fomentar um motim, protelava a questão dizendo que cuidaria do caso e que em breve o parlamento daria o parecer a questão. Mas nesse ínterim um velho sacerdote chamado Walter Myln foi acusado de apostasia e imediatamente levado a fogueira, no dia 28 de Abril de 1558, em Sta Andrew. Esse martírio produziu uma forte comoção ao povo que começaram a colocar pedras no local da execução como se quisesse erigir uma memorial a vítima. O povo não o via como um apostata, mas como um mártir. A questão foi aumentando tanto que o clérigo ameaçou de excomunhão quem ousasse colocar uma pedra que fosse ali. Essa medida não teve êxito e os sacerdotes tinham que ir à noite e remover as pedras que não cessavam de ser trazidas.
A confusão estava feita. O povo começou a entrar nas igrejas e lançar mão das imagens e arremessa-las no chão, apesar dos constantes bramidos dos sacerdotes que os amaldiçoavam dizendo que receberiam penas e tormentos no inferno. Pregadores foram intimidados a comparecem diante dos tribunais, mas eles não estavam sozinhos o povo estava com eles e ninguém tinha coragem de ousar fazer-lhes mal.
John Knox não poderia ficar fora de tudo isso, ademais, apesar de estar longe tinha ele sido o mentor de tudo. A presença de Knox em solo escocês era de suma importância tanto para liderar e instigar os ânimos dos reformistas como para conter os abusos daqueles que ali estavam mais pelos burburios ou por interesses políticos do que desejosos de ver a nação regida sobre os princípios da verdadeira religião. A chegada de Knox trouxe grande preocupação à regente e seus correligionários, de fato deviam temê-lo, pois havia chegado o grande herói da reforma escocesa. O povo e boa parte dos nobres estavam ao lado de John Knox que visava não somente uma reforma religiosa, mas também uma reforma política trazendo a real independência da escócia, pois além de ser regida por uma regente francesa não era de toda livre da presença política desses.
A situação tomou um vulto tão grande que os poucos padres que ficaram tiveram que fugir para a França. O parlamento escocês que já não via com bons olhos as atitudes da regente que governava a Escócia sobre os interesses da França chegaram à conclusão que a melhor atitude era deportar a regente. Knox apesar de não gostar da regente, mas com medo de haver uma instabilidade política no país concordou com a questão desde que assegurassem que o trono fosse entregue a sua filha Maria Stuart e o seu esposo Francisco II. Até que Maria Stuart estivesse em condições subi ao tono a regência do país ficou sobre os cuidados do prestigiado Duque de Arran.
Foi nesse período que a igreja se fortaleceu, pois Knox sabendo que a futura rainha era católica ferrenha procurou antes de sua chegada fortalecer a igreja reformada como a igreja nacional da Escócia. Assim, quando a rainha chegou pouco ou nada pode fazer para mudar isto. Ela também não foi um páreo fácil, mas, o irredutível Knox tinha o apoio da lei e do povo. Finalmente a igreja presbiteriana havia se estabelecido como a igreja nacional da Escócia. Mas a luta inda não estava concluída. Com a subida ao trono em 1583 (John Knox já havia falecido) de James VI a igreja voltou a ter os seus reveses, pois James se tornou rei tanto da Escócia quanto da Inglaterra querendo esse agora transformar a igreja nacional (presbiteriana) em Anglicana (igreja oficial da Inglaterra). Mas os discípulos de Knox continuaram aguerridos como o seu mestre e não deixaram que isso viesse a acontecer. Somente em 1638 quando foi assinado um tratado chamado National Covenant (pacto nacional) é que a igreja deixou de receber as investidas que tentavam destruir a igreja presbiteriana na Escócia.
Devemos nos orgulhar em saber que somos frutos de uma igreja que foi forjada em meio a muitas lutas. Lutas essas que visavam tão somente salvaguardar a pureza do evangelho tão corrompida pela igreja católica.
12. A Morte do Paladino da Reforma Escocesa
Knox amava tanto a sua igreja que na noite que antecederia a sua morte com muitas dores e se sentindo muito fraco recitou a oração do Pai nosso e como se estivesse meio adormecido de tempo em tempo ele sussurrava dizendo: “A Kirk... a Kirk... a Kirk”, uma maneira de dizer igreja em escocês. No outro dia não conseguindo nem mesmo pegar a sua Bíblia pedia para a sua esposa Margaret (sua segunda esposa, a primeira tinha falecido) que lesse para ele o capítulo 15 da primeira carta aos coríntios e para com todos tinha uma palavra de benção e exortação, apelando a que não fraquejassem na fé, não desamparassem a Kirk, fossem fiéis à causa de Cristo e a Escócia livre e soberana. Morre Knox pouco antes das 11 horas da noite de 24 de novembro de 1572. Tinha ele 59 anos. Deixando para trás a sua jovem esposa três filhas que tivera com ela e dois filhos que tivera com a primeira esposa que havia falecido. Os meninos moravam com a avó materna.
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