Parceiro de George Soros nos anos 70, americano diz que não investe mais no País porque governo Dilma é contra o capital
O economista James B. Rogers ou Jim Rogers, como prefere ser chamado, é um dos emblemáticos investidores americanos das últimas décadas. Prestes a fazer 71 anos, Rogers se juntou ao amigo George Soros nos anos 70 para fundar o Quantum Fund. Fez fortuna, largou tudo e foi dar a volta ao mundo de moto. Pelas façanhas como viajante, entrou duas vezes para o Guinness Book.
Com suas gravatas borboletas coloridas e a língua afiada para críticas, Rogers é figura constante no noticiário econômico da TV e jornais dos Estados Unidos. Ele está pessimista em relação às perspectivas para os Estados Unidos, o Chipre e toda a zona do euro e mais crítico do que nunca em relação ao Brasil. "Aquela senhora está tornando impossível investir no Brasil", diz, referindo-se à presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista por telefone concedida de Santiago, no Chile, Rogers disse que o Brasil poderia ser aquele país promissor que muitos imaginaram. Mas não é, por causa dos erros do governo, especialmente no que diz respeito a tentar controlar a entrada de capitais.
"Ela (Dilma) está tornando ilegal investir no Brasil", critica, dizendo ainda que não investe mais no País - nem pretende voltar a fazê-lo tão cedo.
Autor de várias obras, Rogers lançou este ano o livro Street Smarts: Adventures on the Road and in the Markets (em tradução livre, Os inteligentes das ruas: Aventuras nas Estradas e nos Mercados), ainda inédito no Brasil. No livro, ele fala de suas experiências em Wall Street e nos mercados asiáticos. Entusiasta das commodities, escolheu viver com a família em Cingapura em 2002 para que sua filha pudesse aprender chinês. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Que saída o Brasil tem para conseguir um bom desempenho econômico? O que nossa presidente pode fazer?
Ela poderia parar de impedir capital novo de entrar no País. Aquela senhora que governa o País está promovendo guerra cambial, tornando impossível investir no Brasil, tornando ilegal para os estrangeiros investirem no País. Ela coloca obstáculos para chineses e coreanos, aqueles que são grandes clientes do Brasil. Ela tem de tornar o País mais acessível! Ela tem de parar com o controle da moeda. Ela não está ajudando o Brasil, está prejudicando. Deveria haver uma abertura maior do País, uma abertura maior para o capital. Desse modo, o Brasil poderia ser um dos grandes países do mundo. Mas esta senhora é uma das muitas pessoas que têm impedido que o Brasil seja uma das principais economias do mundo.
O senhor não tem dinheiro no Brasil?
Não. Já tive, mas não tenho agora. Já houve tempos de investir no Brasil. Mas, quando você tem alguém que é contra expertise, contra capital, que ataca seus parceiros, alguém com esse tipo de atitude, não dá para investir no Brasil. Mas, se isso mudar, voltarei a colocar meu dinheiro aí.
Como vê o resgate do Chipre?
É ultrajante o que está acontecendo lá. As pessoas falam que vão colocar dinheiro no banco, porque é garantido. De repente, o governo está roubando o dinheiro deles. Espero que todos estejam mesmo preocupados com o que estão fazendo, pois isso cria um precedente. Na próxima vez que isso acontecer a outro país, eles vão dizer: o FMI, a União Europeia disseram que a gente pode tirar dinheiro dos bancos. É preciso muito cuidado, senão isso vai acontecer de novo e de novo.
Esse resgate vai evitar o contágio para outros países da zona do euro?
Claro que não. Isso não resolve o problema da zona do euro. Todos os países da Europa vão ter déficits maiores este ano do que tiveram no ano passado, e esses déficit vão continuar crescendo até que os problemas sejam resolvidos. Os problemas estão sendo postergados, mas não resolvidos.
Quem se beneficiaria com a saída do Chipre da zona do euro?
Ninguém se beneficiaria. Talvez alguns investidores espertos encontrassem modos de ganhar dinheiro às custas disso. Mas, se o Chipre deixar o euro, não será bom para o Chipre nem para a zona do euro. Isso só pioraria as coisas. Com certeza não ajudaria o Chipre. Ninguém vai querer investir no Chipre se estiver fora da zona do euro. Ninguém vai investir na moeda que eles tiverem.
Como vê a situação global?
Cada vez pior. A América está em declínio e a China será o país que mais impressionará nos próximo século.
Isso significa que vamos ter essa crise global por muito mais tempo do que se pensava?
Bom, no Japão a crise dura 23 anos. Sim, é claro que vai durar muitos anos.
Nos momentos de nervosismo nos mercados, os investidores continuam correndo para o dólar americano e o ouro. Eles ainda são um porto seguro?
Não existe isso de porto seguro. Gostaria de conhecer algo que fosse seguro e, se você souber, por favor, me diga. Mas, de qualquer modo, é para onde todo mundo vai e eu também tenho dólares no momento.
Quais serão as commodities mais promissoras?
Estou mais otimista em relação às commodities agrícolas do que todas as demais.
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